Sinopse: 

“Nada importa.” 
“Você começa a morrer no instante em que nasce.” 
Pierre Anthon está no sétimo ano e tem certeza de que nada importa na vida. Por isso, passa os dias sobre os galhos de uma ameixeira, tentando convencer seus companheiros de classe a pensar do mesmo modo. No entanto, diante da recusa do menino de descer da árvore, seus colegas decidem fazer uma pilha de objetos dotados de significado, e com isso esperam persuadi-lo de que está errado. Mas aos poucos a pilha se torna um monumento mórbido, colocando em xeque a fé e a inocência da juventude.



Li este livro ano passado, depois que a Carol (colaboradora aqui da página) recomendou, dizendo que era uma história meio perturbadora. Discordei dela assim que vi essa capa, como pode uma capa tão fofa tratar de uma história perturbadora? Foi ai, que percebi que NUNCA devo julgar o livro pela capa, pois de fofa a história realmente não tem nada. Pelo contrário, acredito que é o livro mais chocante e macabro que já ousei ler.
Tendo em foco um grupo de alunos da sétima série que acaba de voltar de férias. “Nada” conta a história de Pierre Anthon, um garoto normal, que certo dia se retira da sala de aula após concluir que a vida não tem significado e que ele não deve fazer nada. Por tal conclusão, ele passa a habitar os galhos do pé de uma ameixeira que fica no quintal de sua casa, próximo à escola a qual estudava, passando os seus dias dedicados a fazer exatamente nada, a não ser, atormentar seus colegas de classe questionando-os sobre o real valor das coisas e o verdadeiro significado da vida.
Sua turma então decide fazer de tudo para que Pierre desça daquela árvore, mas tudo que fazem é em vão, já que o garoto está decidido a descer de lá apenas quando alguém encontrar o tal significado.
Certo dia, um de seus colegas tem a ideia de reunir numa serralheria abandonada uma pilha de objetos que representem algum significado em suas vidas, sendo esses objetos coisas de extrema importância para eles, mas que para nós leitores são inimagináveis. E é ai que a história toma um rumo chocante, pois a cada objeto depositado na pilha a trama se torna ainda mais profunda e perversa, nos fazendo questionar a realidade do mundo que vivemos além de nos mostrar a verdadeira faceta dos seres humanos, o que não só me assustou como me deixou aflita durante todo restante da leitura.
O livro é narrado em terceira pessoa pelo ponto de vista de Agnes, uma das colegas de classe de Anthon. O melhor, é que mesmo sendo narrado por ela, a narração não consta apenas sua opinião, mas também nos mostra ao mesmo tempo uma visão geral das opiniões, pensamentos e atitudes insanas e individualistas de todos os outros personagens.
Durante a leitura várias vezes senti medo. Um medo dos seres humanos em geral, de suas atitudes mesquinhas e egoístas, de nunca aceitar opiniões diferentes, de sempre querer julgar o próximo e da sua vontade doentia de se provar correto o tempo todo.
O assunto é tão polêmico e chocante, que antes de ser considerada leitura obrigatória nas escolas dinamarquesas, no ano de 2000 - quando foi lançado – o livro chegou a ser banido na Escandinávia. Mas isso só aconteceu porque Janne Teller soube representar muito bem o lado mais cruel, egoísta e sombrio do ser humano e da sociedade de uma forma geral; e fez tudo isso sem medir palavras em momento algum, está tudo no livro, basta ficar atento para conseguir captar a mensagem que ela quer nos passar.
“Nada” é um livro totalmente desconcertante, intenso, aterrorizante, perplexo e reflexivo. Realmente feito para chocar o leitor e nos deixar, ao final da leitura, nos perguntando qual o motivo de estarmos aqui e qual é o verdadeiro significado da vida.

Deixe um comentário